sábado, 16 de novembro de 2013

Sacramental de Kléjos Silva

O Bom Samaritano - 2002


Entre as imagens: raízes tuberosas, coisas da terra, Arte Sacra, cerâmica sacramentada. Essa é a imagem desse trabalho sintético, onde linha e forma nos levam com o mesmo direcionamento dos retábulos barrocos para os motes. Reconhecemos nas esculturas, suas histórias e percebemos a via sacra das obras. O caminho longo que percorreram até chegarem a São João Del Rei. Peças da Coleção particular do artista e outras que estão disponíveis para aqueles que tenham fé e zelo para cultivar as raízes de kléjos Silva. O interessante é a linha tênue que o artista estabelece entre o moderno e o artesanal, demonstrando em suas formas curvas os frutos do futuro e no acabamento dado as peças, fica clara a influência dos mestres artesãos do Brasil. 

Sagrada Família - 2003

São Francisco - 2013
Cabeça de Francisco - 2002
Crucifixo - 2013
Leproso - 2007
Nossa Senhora da Conceição - 2013

Santa Maria Madalena - 2002


Maria Madalena - 2002

Sacrifício de Abraão - 2002


Virgem Anunciada - 2001

São Francisco - 2013

A Desolação de Lúcifer - 2013

Cristo Crucificado - 2002

Arcanjo 2002

Arcanjo - 2003


As Três Quedas de Cristo - 2003



São Francisco - 2013


Cordeiro Imolado - 2013

O Bom Pastor - 2013

Sagrada Família - 2013

Matriz de Nossa Senhora do Pilar



quinta-feira, 18 de julho de 2013

PROJETO RESSONÂNCIAS III- DE VIRGÍNIA FRÓIS

Sou mais um de soar. 






       São João del Rei, é conhecida como a cidade dos sinos,onde o dialogo entre as igrejas e a comunidade se faz através dessa entidade, que muita das vezes tem nome e é tratado com um cerimonial apropriado, muitos moradores estão habituados e compartilham desse conhecimento e canal de comunicação que é parte da Tradição Católica da cidade. É claro que, ressonâncias não é algo novo por aqui, terra que escoou todas as riquezas de Minas Gerais até Paraty, com o destino, Portugal, e que tem na estrutura de cidade histórica, ainda hoje, o eco do passado. Muitos cumpriram aqui a sua sina, ao som do sino. Agora, temos algo que faz um caminho semelhante de troca, onde temos a oportunidade de interação e dialogo com a nossa pátria mãe, Portugal. Mas não através da língua falada e do ouro, e sim, por meio de uma proposta de encontro muito interessante. Somos tão próximos em memórias e separados pelo sal do oceano, tão próximos pela Arte e separados pela majestade de nossa individualidade. Dentro dessa proposta itinerante, onde cada artista produz um trabalho, uma onda que toca a próxima estabelecendo assim um dialogo mais duradouro, esse é o novo ouro e objeto de troca entre as duas nações e os participantes do Ressonâncias III, entendemos um sentido de continuidade. Mas, aonde moram esses artistas, se a pátria são duas, moramos em nossas cabeças, essas casas que carregamos para onde vamos, deve ter sido esse o conforto dos navegantes portugueses, exploradores dos mares em suas longas viagens.
                Ressonâncias é um projeto que questiona as fronteiras, entre os países e as pessoas e que afirma que vibrando dentro de uma proposta artística, percebemos a linha tênue que nos separa do outro, e como somos divididos em partes no nosso dia- a- dia, ocupando vários espaços e tarefas diferentes, e nos mostra também que no decorrer do processo proposto por Virgínia Fróis, que somos unidos pela memória, essa, espelho do mar e do mel, isso pode explicar e justificar o uso da cera de abelha no momento de copiar as cabeças dos participantes. Ao ver o resultado obtido com os primeiros envolvidos nesse projeto, percebemos um sentido de unidade, que se assemelha ao trabalho coletivo das abelhas. O zumbido é o mantra, dentro de nossas cabeças, unindo e vibrando, para entendermos essa caminhada. É claro que a questão da vida e da morte é abordada, pois, são elos entre os participantes. Dentro daquele momento de tirar o molde da cabeça, nos entregamos nas mãos do outro e confiamos a ele nossa casa, ficamos no escuro sem o controle da situação.
                       O particular e interessante é que não importamos nenhum dos materiais usados no projeto, dentro da proposta de usar argilas locais e a cera de abelha da região, algo previamente definido pela Artista Virgínia Fróis, encontramos nossa identidade, somos uma parte dessa terra e desses materiais. Começamos com muita sorte no Laboratório de Cerâmica do Curso de Artes Aplicadas em Cerâmica da UFSJ, pois, nosso primeiro encontro coincidiu com um encontro de apicultores, também dentro do Campus da UFSJ, o que facilitou a compra de cera de abelha para a confecção das cabeças. Ao receber o apicultor Paulo, vimos a reação dele de ver a cabeça feita com cera, acabamos ganhando meio quilo cera, e a possibilidade de comprarmos mais quantidades, e assim, estabelecemos um contado com uma pessoa que não sabia que aquilo era possível. Outro encontro muito interessante foi buscar argila vermelha em Prados MG, que fica a 28Km de São João del Rei, onde trocamos conhecimentos com o dono do barreiro o Senhor Didiu, que foi muito gentil e doou uma boa quantidade de argila para uso no projeto. Agradecemos a participação dos artistas envolvidos, que nos ensinaram as técnicas usadas no projeto Ressonâncias, e falaram de suas experiências artísticas, e, agradecemos também aos professores do curso de Artes Aplicadas em Cerâmica da UFSJ que fortaleceram ainda mais o grupo Ressonâncias III.
texto e fotos: gabriel rufo