Sou mais um de soar.
São
João del Rei, é conhecida como a cidade dos sinos,onde o dialogo entre as
igrejas e a comunidade se faz através dessa entidade, que muita das vezes tem
nome e é tratado com um cerimonial apropriado, muitos moradores estão habituados
e compartilham desse conhecimento e canal de comunicação que é parte da
Tradição Católica da cidade. É claro que, ressonâncias não é algo novo por
aqui, terra que escoou todas as riquezas de Minas Gerais até Paraty, com o
destino, Portugal, e que tem na estrutura de cidade histórica, ainda hoje, o
eco do passado. Muitos cumpriram aqui a sua sina, ao som do sino. Agora, temos
algo que faz um caminho semelhante de troca, onde temos a oportunidade de
interação e dialogo com a nossa pátria mãe, Portugal. Mas não através da língua
falada e do ouro, e sim, por meio de uma proposta de encontro muito interessante.
Somos tão próximos em memórias e separados pelo sal do oceano, tão próximos
pela Arte e separados pela majestade de nossa individualidade. Dentro dessa
proposta itinerante, onde cada artista produz um trabalho, uma onda que toca a
próxima estabelecendo assim um dialogo mais duradouro, esse é o novo ouro e
objeto de troca entre as duas nações e os participantes do Ressonâncias III,
entendemos um sentido de continuidade. Mas, aonde moram esses artistas, se a
pátria são duas, moramos em nossas cabeças, essas casas que carregamos para
onde vamos, deve ter sido esse o conforto dos navegantes portugueses,
exploradores dos mares em suas longas viagens.
Ressonâncias
é um projeto que questiona as fronteiras, entre os países e as pessoas e que
afirma que vibrando dentro de uma proposta artística, percebemos a linha tênue
que nos separa do outro, e como somos divididos em partes no nosso dia- a- dia,
ocupando vários espaços e tarefas diferentes, e nos mostra também que no
decorrer do processo proposto por Virgínia Fróis, que somos unidos pela memória,
essa, espelho do mar e do mel, isso pode explicar e justificar o uso da cera de
abelha no momento de copiar as cabeças dos participantes. Ao ver o resultado
obtido com os primeiros envolvidos nesse projeto, percebemos um sentido de
unidade, que se assemelha ao trabalho coletivo das abelhas. O zumbido é o mantra,
dentro de nossas cabeças, unindo e vibrando, para entendermos essa caminhada. É
claro que a questão da vida e da morte é abordada, pois, são elos entre os
participantes. Dentro daquele momento de tirar o molde da cabeça, nos
entregamos nas mãos do outro e confiamos a ele nossa casa, ficamos no escuro
sem o controle da situação.
texto e fotos: gabriel rufo
Um comentário:
muito bonito , porem choca um pouco o realismo ou o meu imaginário um abraço.
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